sábado, agosto 19, 2006

Benfica Táctica 2006/07

Muito se tem falado da valia da equipa do Benfica este ano, da qualidade dos jogadores, da falta dela do treinador, do fio de jogo, da forma física, etc.

Dissecando a pré-época, a primeira ideia que passa é a de uma equipa moribunda, fraca e com poucos argumentos.


Ora eu discordo totalmente dessa avaliação. Ok, estivemos muito mal em grande parte dos jogos, mas antes que isso aconteça na pré-época que nos jogos a doer.

Fernando Santos tentou implementar um sistema de jogo diferente do que está toda a gente habituada e foi crucificado por isso.

Embora concorde com muitas críticas, não concordo com a mais fácil, a de que não se devería mudar a táctica.
Eu, sinceramente prefiro a táctica do 4-4-2 de meio campo povoado ao 4-3-3, mais típico nos dias de hoje para equipas de contra-ataque. Basta ver qual o sistema de jogo das grandes equipas europeias dos últimos anos, mormente as últimas campeãs europeias, Milan, porto, Liverpool e Barcelona.
Também não me parece que a questão dos jogadores disponíveis no Benfica sejam impedimento, sendo que já há muito o Benfica apresenta jogadores com características lucrativas para essa táctica. Não sou o único a pensar assim e não é de hoje esta ideia, como se pode constatar pelo arigo linkado aqui.
Para mais, tenho a ideia que bons jogadores adaptam-se a qualquer táctica.

O problema a mim parece-me, é mais uma questão de hábito. Podería cair na crítica fácil ao treinador nada que ainda não tenha feito, mas respondam-me meus caros combloggers, que melhor altura para testar uma alteração táctica que na pré-época?
Recordo que o ano transacto, Koeman argh passou a pré-época inteira com a equipa a jogar em 4-3-3, ganhando praticamente os jogos todos. Quando começou o campeonato, lembrou de testar uma táctica nova, o 3-4-3, ou 3-4-2-1 como preferirem e foi o descalabro, não conseguindo o Benfica ganhar nenhum dos 3 primeiros jogos do campeonato. Logo, antes perder na pré-época que em jogos a doer.

Mais uma vez defendo que o problema pode ser um problema de adaptação. Embora defenda que é sempre fazível, nunca é fácil mudar de táctica. Relembro os problemas que Co Adriaanse teve o ano passado para colocar o Porto a jogar em 3-5-2, acabando a sua equipa, algures a meio da época por estabilizar.

E mudar de táctica tem os seus custos. Como gosto de dar exemplos, vou a um caso extremo que muitos dos meus leitores benfiquistas mais ferrenhos acreditem, normalmente insiro-me nesse grupo - no que a ferrenho diz respeito se calhar não irão apreciar, mas parece-me tratar de um caso de estudo para o Benfica - o argh sporting do Fernando Santos.

Ooooh... devem estar a pensar, este gajo é maluco, como é que o coff grémio do lumiar, ainda para mais o do Santinho pode ensinar algo ao Glorioso? Simples, o mesmo também teve um dilema semelhante. O duplo-argh sporting 2002'03 treinado por Boloni jogava tipicamente em 4-3-3, como vinham jogando os lagartos anos a fio.
Depois dos resultados tristes dessa época foi só dessa?, foi contratado um treinador benfiquista para ver se endireitava a coisa - Fernandinho. Ora Fernandinho como tinha uma série de médios no plantel 2003/04, tinha perdido os extremos Quaresma e Ronaldo, sendo que via como uma incógnita o uso de Jardel, decidiu, já depois de ter queimado a pré-época em 4-3-3, mudar a táctica. No início, com as dificuldades de adaptação, foi terrível, sendo os lagartos de então sido até enxovalhados pelos turcos do Gençlerbirxixi, ou algo do género.

No entanto, se olharmos com atenção, a agremiação dos mimados, endireitou-se lá para meio da época, sendo que o seu triplo-arghfutebol ganhou alguma consistência, tendo sido a equipa que mais luta deu à super-equipa do Mourinho. Recordo, a contragosto, que em ambos os jogos contra essa equipa, o Benfica de Camacho, viu-se e desejou-se, tendo perdido o primeiro por 3-1 curiosamente o primeiro dos vermes nasceu de um pénalti inventado por Silva - onde é que já vi isto antes?, e ganho na recta final estas sabem sempre melhor por 1-0 em Alvalade com um golaço de Geovanni, apesar de nada mais ter conseguido fazer nesse jogo era preciso mais? que justificasse o resultado, dado que foi dominado em todo o jogo.


Não quero com estas análises defender o Santinho, até porque também fui um dos desiludidos na altura da sua apresentação. De qualquer forma, acho que se pode dar alguma margem de manobra, uma vez que até agora foi a feijões. A forma como as coisas têm sucedido tem pelo menos uma vantagem: Ilude os nossos adversários, principalmente os verdes, que vêm fazendo as manchetes de Dream Team, sendo candidatos a ganhar a Champions e tudo e que já nos vêm fora da corrida para o título.

Parece-me um erro, pois uma equipa que apresenta Luisão, Petit, Rui Costa, Miccoli e essa é que lhes está encravada na garganta, como lhes custa Simão, não pode ser uma equipa fraca.

Esquema possível 4-4-2:


* Ao contrário de muitos, considero que o Simão é um jogador muito útil em 4-4-2, até porque sem ele não temos ninguém para imprimir velocidade no jogo. É o jogador tácticamente mais evoluido que temos e como avançado defende muito bem, algo que por exemplo Karagounis não faz com tanta eficácia. Esta táctica permitiría também maior rotação dos nossos avançados, pois parece-me que tanto Kikin como Mantorras (pena não estar bem fisicamente) nunca virarão a cara à luta.
* Prefiro colocar Katsouranis como o vértice mais atrazado, pois parece-me melhor para recuar e fazer a posição de 3º central, sendo mais limitado a subir no terreno.

Esquema possível 4-3-3:


* Esta táctica é a táctica a que o Benfica está mais rotinado, no entanto já não tem Geovanni (ok, era inconstante nas exibições) nem Manuel Fernandes mas a rotina está lá. No entanto parece-me uma táctica mais vocacionada para equipas que jogam à espera do adversário, deixando o controlo de jogo para este e o mesmo se pode ver nas exibições dos últimos anos do Benfica. Depois temos o dilema de muitos avançados para apenas uma vaga: Nuno Gomes, Miccoli, Mantorras, Kikin e Marcel. Outra desvantagem advém do facto de os extremos que agora temos não me inspirarem muita confiança. Exceptuando Simão, temos Manú que tem velocidade, mas não consegue fazer uma jogada 1x2 com os colegas, passa sempre mal a bola, apesar de se mostrar esforçado e Paulo Jorge que me divide, pois apesar de ser voluntarioso, ter boa finta e tirar bons cruzamentos, não sei porquê, não me convence.

Independentemente da táctica, espero que a estabilidade traga bons resultados e que as surpresas sejam positivas.

12 Comments:

At 11:57 da tarde, Blogger dezazucr said...

Repara redjersey que nos últimos anos temos jogado em 4-3-3 e o Benfica tem sido uma equipa de contra-ataque. Este último ano então foi o extremo, pois havia jogos em que o Benfica era dominado por equipas inferiores.
Eu, estou como o Berlusconi, por mim o Benfica jogava sempre com 2 pontas de lança.

 
At 1:13 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Olá dezazucr,

Antes de mais, parabéns pelo artigo que está excelente.
Quanto ao tema sobre o sistema táctico a adoptar, tudo depende das características dos jogadores e da forma como o treinador (e Direcção) pensam construir o plantel.

O problema inicial é que F. Santos é adepto do 4x4x2 em losango e julgava que Simão era carta fora do baralho. Com o capitão, torna-se lógico continuar com o desenho de 4x3x3, na sua variante 4x2x3x1. Acontece que dessa forma, o Benfica terá pouca presença na área e vai ser complicado gerir Nuno Gomes, Kikin e Micolli.

Na minha perspectiva, o Benfica devia voltar ao modelo - sistema táctico - de finais de 80, início de 90: 4x4x2 puro. Acredito que o modelo estruturado em losango resulte bem (veja-se o Sporting, por exemplo), mas o Benfica deve jogar com extremos que também saibam defender. No fundo, a fazer lembrar os tempos onde existiam médios direitos/esquerdos, como Paneira, Pacheco, Futre, Poborsky.

Assim, a minha equipa seria esta:
GK - Moreira
DD - Nélson
DC - Luisão
DC - R. Rocha ou Anderson
DE - Léo
MD - Manu
MC - Petit
MC - Rui Costa
ME - Simão
AV - Nuno Gomes
Av - Kikin ou Micolli

No quarteto defensivo, nada de inovador e penso que Alcides, R. Rocha ou Anderson e Miguelito podem ser elementos, também, valiosos.
No meio, jogava com dois médios centro, mas um deles (Petit) mais preocupado com tarefas defensivas (bascular, dobrar, compensar, marcar), enquanto que o outro (Rui Costa) fosse o jogador de transição e construção. Nos flancos, os alas devem mostrar habilidade para ir à linha de fundo cruzar, mas também saber quando devem recuar para ocupar posições chave, de modo a manter o equilíbrio colectivo.
Na frente, a tradicional coabitação de dois avançados, sendo que um deles mais como ponta-de-lança, entre os centrais e o outro com mais mobilidade, de maneira a abrir espaços e alargar o jogo.

Abraço e continuação de bons posts.

 
At 3:20 da manhã, Blogger Pedro said...

Boas
Mas um meio campo só com Petit e Rui Costa não será curto para tarefas defensivas?

Eu aposto mais num 4-3-3 com um meio campo com Petit e Katsoranis com as despesas defensivas deixando a distribuição de jogo ao maestro q tem à sua frente um trio composto por Simão, Miccoli e Nuno Gomes todos com ordem para deambular pela frente de ataque.
Sinceramente até me arrepia a possibilidade de o maestro Rui ter a bola nos pés de ouro e ter meninos como Simão, Miccoli e Nuno Gomes à sua frente paa receber a bola...

E temos depois Mantorras e Kinkin sempre prontos para entrar e Manu/Paulo Jorge caso se opte pela táctica de exremos puros.

Temos matéria prima mais q suficiente resta ao treinador encontrar a melhor táctica.

Simão no losango...será que funcionava?

 
At 11:20 da manhã, Blogger dezazucr said...

tenho a mesma opinião do pedro e do shéu, de que não podemos ter um meio campo apenas com Rui Costa e Petit. A ideia que sugeres catenaccio pressupõe que os extremos ajudem muito, e, enquanto acredito que Simão dê muitas garantias nesse sentido (basta recordar que o ano passado quando não estava tão exuberante parecia que era ele o defesa e léo o atacante), Manú não me parece que tenha muito dessas vocações.
O 4-3-3 puro que o Pedro sugere, é o que temos estado a usar nos últimos anos, e não me parece muito consistente em termos de domínio de jogo, para além de termos poucas alternativas para isso, dado apenas termos como extremos o Simão, o Manú e o Paulo Jorge - estes últimos a meu ver um pouco fracos.

 
At 11:23 da manhã, Blogger dezazucr said...

Além disso, recuso a ideia que o Simão apenas é rentabilizado num sistema de extremos, até porque se repararmos bem, o Simão nunca foi o extremo típico de ir à linha e cruzar (embora o faça muito bem). Normalmente gosta de fazer diagonais para o meio, usar o remate ou tentar a assistência.

 
At 1:42 da tarde, Blogger Pedro said...

O 4-3-3 q usavamos era um sistema com extremos puros e sem um distribuidor de jogo como referência.

O 4-3-3 q falo não tem extremos puros mas sim 3 avançados móveis. É um sistema q requer muita rotina entre os avançados pois qd um se movimenta o outro terá q se movimentar tb.

Por outro lado um sistema de losango com o Simão possibilita q, pelo menos do lado esquerdo, o lateral não esteja obrigado a acompanhar todas as jogadas de ataque...

Mas duvido q FS volte a essa táctica.

 
At 5:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu entendo que o equilíbrio a meio campo possa ser colocado em causa quando se desenha um 4x4x2 puro, mas tem de se levar em conta o posicionamento da equipa adversária.

Nos jogos disputados no estádio da Luz, o Benfica tem de mandar no jogo e não esperar pelos últimos 10 minutos para fazer entrar o Mantorras ou outro avançado. Daí, o considerável número de pontos perdidos a época passada.

Com um 4x4x2 puro, na Luz, o adversário terá de jogar numa espécie de 5x4x1 pois não acredito que jogue com uma defesa de 4 homens para fazer face a 2 avançados e 2 alas (Simão e Manú, por exemplo). No meio, ficariam sempre 2 elementos para Petit e Rui Costa, deixando um avançado à espreita de qualquer contra-ataque.

Agora, se falarmos em jogos mais exigentes, como seja frente ao Sporting, Porto, Boavista (fora), Braga (fora) e champions league, então sim, deve-se optar pelo plano B.
Neste caso, concordo com o Pedro quando refere o 4x3x3 bem definido. Normalmente, o 4x3x3 que se observa nos campos portugueses é uma variante estruturada em 4x2x3x1 pois o triângulo central tem o seu vértice na zona do n.º 10 e os alas funcionam como extremos que trocam de lugar.
Não, o 4x3x3 que aprecio é definido com 3 avançados que possam criar diagonais e ter presença na área para rematar. Simão pode descair para a esquerda e acompanhar o lateral contrário, assim como Miccoli faria o mesmo do lado oposto. Por sua vez, Nuno Gomes ocuparia um espaço mais central.

Por fim, deixo este desafio: sabe-se que Jesualdo Ferreira é adepto do 4x3x3 (e 4x4x2 em losango como 2.ª opção). Assim, que onze titular base adiantam para o FC Porto?

Abraço.

 
At 2:50 da tarde, Blogger dezazucr said...

Ok... o 4-3-3 dessa forma também podería funcionar. Eu sugería em 4-3-3 a seguinte formação:
Quim
Nélson - Luisão - Andersson - Léo
| Katsouranis-Petit |
| RuiCosta |
V Kikin - Miccoli - Simão V

Com estes 3 constantemente móveis.

 
At 8:11 da tarde, Blogger humanista said...

o meu onze é parecido com o teu último dezazucr, mas trocava o kikin pelo nuno gomes... penso que o simão ia desempenhar a tarefa de vagabundo muito bem, sendo que o nuno gomes recuava para abrir espaços ao simão e micolli, que é o que ele faz melhor. quanto ao simão o melhor jogo que o vi fazer pela selecção foi contra a holanda, na 2ªa parte em que ele não tinha um ponta de lança fixo e fazia diagonais, surgindo em posição de finalização. como ele é bom finalizador para extremo, e já teve de jogar no benfica a ponta de lança, ainda o miguel era extremo, penso que ele teria capacidade para fazer uma grande época a jogar assim.

 
At 10:36 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Interessante que depois de ter colocado a hipótese do Benfica actuar num 4x4x2 puro, tive a oportunidade de observar duas grandes equipas que jogaram nesse sistema.

O Chelsea, frente ao Manchester City, começou o jogo com dois homens no centro do terreno (Essien e Lampard), dois médios colocados nas alas (Robben e Wright-Philips) e, finalmente, dois avançados (Drogba e Schev).

O Inter de Milão, frente ao Sporting, actuou da mesma forma: 4 defesas, dois homens de recuperação/construção (Cambiasso e Vieira), dois jogadores nos flancos (Figo, à direita e Stankovic, à esquerda) e, por fim, dois pontas no ataque (Ibrahimovic e Crespo).

É o regresso do 4x4x2 clássico?

 
At 2:40 da tarde, Blogger dezazucr said...

O 4-4-2 puro que falas é muito parecido ou mistura-se muito como o 4-4-2 losango, depende sempre da interpretação dos jogadores e das suas características. Com jogadores bons tácticamente facilmente se alterna no decorrer do jogo de um sistema para o outro, ou se alarga mais o jogo para as alas ou se batalha mais no meio campo. Depende do adversário, do tipo de jogo (ataque/defesa) do adversário e da versatilidade dos jogadores, se têm ou não a capacidade de se adaptarem tanto às alas como a médios interiores. Simão sei que tem essa capacidade, Já Manú e Paulo Jorge suspeito que não têm.

 
At 3:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Parece que já estou a ver este cenário: Benfica vs Paços de Ferreira (Estádio da Luz).

Equipa-tipo (4x2x3x1): Quim, Nélson, Luisão, Anderson, Léo, Petit, Katsouranis, Rui Costa, Simão, Manú, Nuno Gomes.

Ao intervalo: 0-0

Na 2.ª parte, sai Manú e entra Kikin Fonseca (ou Miccoli), mantendo o 4x2x3x1.

A 15 minutos do fim, sai Katsouranis e entra Mantorras, passando o Benfica a actuar num 4x4x2 com Petit e Rui Costa a segurarem o meio-campo, Simão e Fonseca (ou Miccoli) rompendo pela direita e Nuno Gomes, com Mantorras, na grande área adversária.

Para quê esperar 80 minutos - ou mais - quando se pode resolver as coisas cedo?

Já agora, aproveito para fazer publicidade ao meu blog, pois acabei de elaborar um artigo sobre o regresso do sistema 4x4x2 clássico.

Abraços

 

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