Muito se tem falado da valia da equipa do
Benfica este ano, da qualidade dos jogadores, da falta dela do treinador, do fio de jogo, da forma física, etc.
Dissecando a pré-época, a primeira ideia que passa é a de uma equipa moribunda, fraca e com poucos argumentos.
Ora eu discordo totalmente dessa avaliação. Ok, estivemos muito mal em grande parte dos jogos, mas antes que isso aconteça na pré-época que nos jogos a doer.
Fernando Santos tentou implementar um sistema de jogo diferente do que está toda a gente habituada e foi crucificado por isso.
Embora concorde com muitas críticas, não concordo com a mais fácil, a de que não se devería mudar a táctica.
Eu, sinceramente prefiro a táctica do 4-4-2 de meio campo povoado ao 4-3-3, mais típico nos dias de hoje para equipas de contra-ataque. Basta ver qual o sistema de jogo das grandes equipas europeias dos últimos anos, mormente as últimas campeãs europeias, Milan, porto, Liverpool e Barcelona.
Também não me parece que a questão dos jogadores disponíveis no
Benfica sejam impedimento, sendo que já há muito o
Benfica apresenta jogadores com características lucrativas para essa táctica. Não sou o único a pensar assim e não é de hoje esta ideia, como se pode constatar pelo arigo linkado
aqui.
Para mais, tenho a ideia que bons jogadores adaptam-se a qualquer táctica.
O problema a mim parece-me, é mais uma questão de hábito. Podería cair na crítica fácil ao treinador
nada que ainda não tenha feito, mas respondam-me meus caros combloggers, que melhor altura para testar uma alteração táctica que na pré-época?
Recordo que o ano transacto, Koeman
argh passou a pré-época inteira com a equipa a jogar em 4-3-3, ganhando praticamente os jogos todos. Quando começou o campeonato, lembrou de testar uma táctica nova, o 3-4-3
, ou 3-4-2-1 como preferirem e foi o descalabro, não conseguindo o
Benfica ganhar nenhum dos 3 primeiros jogos do campeonato. Logo, antes perder na pré-época que em jogos a doer.
Mais uma vez defendo que o problema pode ser um problema de adaptação. Embora defenda que é sempre fazível, nunca é fácil mudar de táctica. Relembro os problemas que Co Adriaanse teve o ano passado para colocar o Porto a jogar em 3-5-2, acabando a sua equipa, algures a meio da época por estabilizar.
E mudar de táctica tem os seus custos. Como gosto de dar exemplos, vou a um caso extremo que muitos dos meus leitores benfiquistas mais ferrenhos
acreditem, normalmente insiro-me nesse grupo - no que a ferrenho diz respeito se calhar não irão apreciar, mas parece-me tratar de um caso de estudo para o
Benfica - o
argh sporting do Fernando Santos.
Ooooh... devem estar a pensar, este gajo é maluco, como é que o
coff grémio do lumiar, ainda para mais o do Santinho pode ensinar algo ao Glorioso? Simples, o mesmo também teve um dilema semelhante. O
duplo-argh sporting 2002'03 treinado por Boloni jogava tipicamente em 4-3-3, como vinham jogando os lagartos anos a fio.
Depois dos resultados tristes dessa época
foi só dessa?, foi contratado um treinador benfiquista para ver se endireitava a coisa - Fernandinho. Ora Fernandinho como tinha uma série de médios no plantel 2003/04, tinha perdido os extremos Quaresma e Ronaldo, sendo que via como uma incógnita o uso de Jardel, decidiu,
já depois de ter queimado a pré-época em 4-3-3, mudar a táctica. No início, com as dificuldades de adaptação, foi terrível, sendo os lagartos de então sido até enxovalhados pelos turcos do Gençlerbirxixi, ou algo do género.
No entanto, se olharmos com atenção, a agremiação dos mimados, endireitou-se lá para meio da época, sendo que o seu
triplo-arghfutebol ganhou alguma consistência, tendo sido a equipa que mais luta deu à super-equipa do Mourinho. Recordo, a contragosto, que em ambos os jogos contra essa equipa, o
Benfica de Camacho, viu-se e desejou-se, tendo perdido o primeiro por 3-1
curiosamente o primeiro dos vermes nasceu de um pénalti inventado por Silva - onde é que já vi isto antes?, e ganho na recta final
estas sabem sempre melhor por 1-0 em Alvalade com um golaço de Geovanni, apesar de nada mais ter conseguido fazer nesse jogo
era preciso mais? que justificasse o resultado, dado que foi dominado em todo o jogo.
Não quero com estas análises defender o Santinho, até porque também fui um dos
desiludidos na altura da sua apresentação. De qualquer forma, acho que se pode dar alguma margem de manobra, uma vez que até agora foi a feijões. A forma como as coisas têm sucedido tem pelo menos uma vantagem: Ilude os nossos adversários, principalmente os verdes, que vêm fazendo as manchetes de Dream Team, sendo candidatos a ganhar a Champions e tudo e que já nos vêm fora da corrida para o título.
Parece-me um erro, pois uma equipa que apresenta Luisão, Petit, Rui Costa, Miccoli e
essa é que lhes está encravada na garganta, como lhes custa Simão, não pode ser uma equipa fraca.
Esquema possível 4-4-2:* Ao contrário de muitos, considero que o Simão é um jogador muito útil em 4-4-2, até porque sem ele não temos ninguém para imprimir velocidade no jogo. É o jogador tácticamente mais evoluido que temos e como avançado defende muito bem, algo que por exemplo Karagounis não faz com tanta eficácia. Esta táctica permitiría também maior rotação dos nossos avançados, pois parece-me que tanto Kikin como Mantorras (pena não estar bem fisicamente) nunca virarão a cara à luta.
* Prefiro colocar Katsouranis como o vértice mais atrazado, pois parece-me melhor para recuar e fazer a posição de 3º central, sendo mais limitado a subir no terreno.
Esquema possível 4-3-3:* Esta táctica é a táctica a que o Benfica está mais rotinado, no entanto já não tem Geovanni (ok, era inconstante nas exibições) nem Manuel Fernandes mas a rotina está lá. No entanto parece-me uma táctica mais vocacionada para equipas que jogam à espera do adversário, deixando o controlo de jogo para este e o mesmo se pode ver nas exibições dos últimos anos do Benfica. Depois temos o dilema de muitos avançados para apenas uma vaga: Nuno Gomes, Miccoli, Mantorras, Kikin e Marcel. Outra desvantagem advém do facto de os extremos que agora temos não me inspirarem muita confiança. Exceptuando Simão, temos Manú que tem velocidade, mas não consegue fazer uma jogada 1x2 com os colegas, passa sempre mal a bola, apesar de se mostrar esforçado e Paulo Jorge que me divide, pois apesar de ser voluntarioso, ter boa finta e tirar bons cruzamentos, não sei porquê, não me convence.
Independentemente da táctica, espero que a estabilidade traga bons resultados e que as surpresas sejam positivas.